PÉROLAS AOS POVOS
Rita Bennedito, 1999
Produção: Mario Manga
Gravadora: MZA Music
Garimpando Tesouros
Por Ricardo P Nunes
Na música brasileira, a fórmula para o aparecimento de uma grande cantora sempre pareceu requerer, entre outras coisas, certa originalidade em seu talento. Mas para cumprir esse requisito, é fundamental a feliz fortuna de que ela disponha também de um bom e novo rol de compositores da sua geração ou do seu lugar de origem. É o que se dá, depois de um longo intervalo desses achados na nossa música, com o segundo disco de estúdio de Rita Bennedito, Pérolas aos Povos, no qual, ao juntar também algumas canções menos conhecidas de alguns dos seus patronos musicais, um canto de domínio público e uma que outra autoria dela mesma, fica patente que a palavra "pérolas" do título não é gratuita.
Ali, a nata de músicos conterrâneos de Rita como Zeca Baleiro (nas faixas Muzak, Tô e Mambo da Dor), Erasmo Dibel (Filhos da Precisão) e Antônio Vieira (Banho Cheiroso) conferem a cor local da música maranhense mas no que ela tem de mais universal. Canções como Déjà Vu, da argentina Natália Mallo, e Pensar em Você, de Chico César não joias acústicas não menos valiosas. Consoantes à sua riqueza melódica são também as contribuições de Raulzito (Jamais Estive tão Segura de Mim Mesma, um bolero da fase ainda juvenil de Raul Seixas), Jorge Bem Jor e Arrigo Barnabé.
Apesar da boa acolhida da crítica nos anos subsequentes a seu lançamento, Rita Bennedito não se alçou ao patamar a que chegariam cantoras dos anos de 1990 em diante como Marisa Monte, Adriana Calcanhoto ou Vanessa da Matta no conjunto da obra. Mas em compensação, não seria demasiado afirmar que nenhuma delas jamais lograria a façanha de reunir em um único álbum um repertório de preciosidades melódicas e rítmicas como o de Pérolas aos Povos.